O trabalho realizado na II Oficina do Projeto Território, instalado na Sala das Sessões – Pinacoteca, aparentemente simples, foi construído com o deslocamento das persianas que foram instaladas em frente aos quadros do acervo exposto nos painéis centrais. O deslocamento permite que a luz exterior, filtrada pelo filme UV das vidraças, invada a Sala dando uma nova coloração ao lugar. Ao mesmo tempo, pelas janelas, o exterior do Museu é revelado. As vidraças, sem as persianas, permitem a visão da rua, dos jardins laterais - o quadro real, a paisagem exterior. Por sua vez, os quadros – objetos de um mundo idealmente reconstruído pela arte – ao serem ocultados pelas persianas , permitem sugerir um diálogo entre o que está visível e o que esta oculto. A persianas impõem uma distância entre os objetos e o público que percorre a exposição. Velados, os quadros se reafirmam como objetos perfeitamente únicos e, apesar de dispostos em um conjunto dentro da sala, vão sendo apreciados um a um. Guardados e preservados pelas persianas, os quadros solicitam que o espectador interrompa o percurso e, de maneira ativa, mova a persiana delicadamente para que ele se interponha entre o quadro e a persiana, colocando-se dentro de um pequeno nicho. O objeto artístico e a pessoa que o contempla, abrigados naquele pequeno mundo, simbolicamente apartado do todo, estabelecem uma nova relação. O olhar que aprecia se aproxima um pouco mais da obra velada e talvez a perceba naquilo que ela guarda de individual e próprio, aproximando-se um pouco mais da narrativa. O espectador é tocado pelo que há de subjetivo nas pinturas – naquilo que é particularmente denotado pela arte.
O Projeto Território – Museu Mineiro, em sua segunda edição, é um trabalho coletivo de Ariel Ferreira, Camila Gomes, Flavio C. R . O , Luiz Henrique Vieira, Marcela Yoko, Pedro Veneroso, Roberto Andrés, Rosa Araújo, Tales Bedeschi, Walter Trindade, sob a coordenação de Cinthia Marcelle e Lais Myrrha.
A sua proposta é a realização de Oficinas nas quais assuntos que se abrigam sob a égide do Museu são trazidos à discussão e, então, partindo das questões tratadas pelo grupo, são sugeridas intervenções de maneira a estabelecer diálogos entre o acervo exibido e o espaço expositivo do Museu Mineiro.
O Projeto abre a possibilidade de realização de obra de caráter coletivo e tem as coordenadoras como catalisadoras dos interesses do grupo inscrito. Tal iniciativa busca não só acentuar o Museu como instituição pública, mas também torná-lo um núcleo de irradiação de conhecimento e pesquisa, reafirmando o território do Museu Mineiro como um museu-laboratório, no qual os indivíduos vivenciam uma aproximação da experiência criativa com as questões que são próprias ao Museu.
O grupo se reuniu no período de 13 a 25 de maio, das 14.30 h às 18:00 h. e propôs quatro intervenções para as quatro salas de exposição, cada qual com sua coleção, para obedecer o seguinte calendário: Reserva I, Sala das Sessões, Pinacoteca, de 20 de junho a 06 de julho - Reserva II, Sala do Colecionador, de 12 de julho a 27 de julho - Reserva III, Coleção Arquivo Publico, de 02 de agosto a 17 de agosto – Reserva IV, Coleção Arte Sacra, de 23 de agosto a 06 de setembro/2007.
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