12.19.2008





Um objeto posto no museu, reunido a outros em uma mostra, está amarrado pela corrente de elos forjados com intenção daquele que, com o olhar curatorial, museológico e museográfico, construirá e constituirá a narrativa que o museu se propõe a revelar. Mas, o que nos conta um objeto no museu? Talvez, mais além da intenção daqueles que o organizam e escolhem, o objeto posto à mostra poderá nos falar também de coisas que muitas vezes escaparam, ou não se encontram sob a intenção de quem o escolheu.

Os objetos postos em museu são fragmentos de luz. Parecem ter força própria, emanam...luz. Essa força é algo que se recupera no olhar do espectador que irá tomá-los para si, decodificando-os.

Armados sob o foco da luz que os ilumina dentro do museu, os objetos estáticos, quase como seres que vivem deslocados de seu lugar de origem, perderão aos poucos sua força e cairão atrás da grande árvore da memória. Dentro do museu os objetos se esquecem de que existiram e, às vezes, aos poucos, morrem – uma ironia.

Mostrar objetos configura para o museu um problema de ordem técnica. Fazer com que os objetos funcionem dentro de uma exposição implica trazer-lhes a degradação que a própria exposição acarreta: o manuseio e a exposição à luz...
O grupo de artistas que participou do primeiro módulo do Projeto Território, executou dentro do Museu Mineiro um trabalho instalativo no qual se utiliza a luz – aquela de ordem simbólica e a concreta, forma de energia que ilumina a imagem dos objetos ali expostos.

Esse recurso faz denotar, na Sala das Sessões, a existência de um grande plano negro, suspenso por pequenos pilares. A luz, no trabalho proposto, torna-se o próprio objeto museal a ser mostrado. Dissimulada sob o tablado, a luz permite que se veja o chão, a parede, o teto, a sala e seus ornatos. O lugar museu é denotado através da "ausência" e do deslocamento da luz de sua função original, tornando-a o objeto em si.Na penumbra do museu, no território da memória, irrompe a luz – a arte, a cultura, a história e a tecnologia.
Francisco Magalhães
diretor do Museu Mineiro

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